Café "Yuumy Cakes"

Sentei-me sobre o muro da entrada do café. Nao estava atenta a nada, fixei o meu
olhar no céu azul.

-Pô-chan...fiz mal em ter saido de Londres?

Idiota, estava a falar sozinha. Pus as maos na cara, baixei a cabeça. Patetico, nao
posso chorar numa ocasião destas.

Ele é parecido contigo Pô-chan...

Passei a correr e vi a Sarah...
Parei... estava cansado...

-Não voltes a fazer isso ouviste?

Respirei fundo e estiquei os braços... os meus olhos ainda estavam um pouco vermelhos.
Sentei-me ao seu lado.

-Eu não quis dizer que o te sangue era mau... Apenas que não estou habituado ao teu sangue... Passei quase dois anos a beber do mesmo sangue... O teu não é melhor nem pior... É diferente...

-Uhm...

Disse sem tirar as maos da cara, sentia as lagrimas a cairem pelo meu rosto. Nem
tinha prestado atenção ao que ele disse. A imagem do sorriso do Pô-chan nao saia
da minha cabeça.

-Por-porque és parecido com ele...?

Levantei-me.
olhei para ela de cima a baixo.

-Ele quem...?

Cocei a cabeça.

-Ainda não casamos e já tens um amante?

Sentei-me ao lado dela...
Tinha sido um comentário desnecessário.

-Estás bem?

-Pô-chan...

Disse, tirei as maos da cara. Havia duas estradas na minha cara, feitas pelas lagrimas.
Olhei para Kento, se ele fizesse um sorriso. Eu juro...que eles sao iguais.

-Ele não é meu amante...ele era o meu irmão adoptivo...

Baixei a cabeça e olhar para parou no chao. Mordi o meu labio inferior, dei um riso
seco.

-Nao deves querer ouvir isto, de uma humana como eu...

Abanei a cabeça...

-Eu não disse isso...

Ergui-lhe a cabeça e limpei-lhe as lágrimas com a manga do meu casaco.

-Ele morreu?

Fiquei supreendida com o seu gesto. Ele tinha limpado as minhas lagrimas...
Quando ele perguntou se o Pô-chan se tinha ido...

-Hai...

Disse num fio de voz. As memorias dele ficaram ainda mais vivas na minha cabeça.
A forma como ele me abraçava, dizia o meu nome, me sorria...todos os seus gestos
marcaram-me! Nao aguento viver mais sem ele!

-Eu nao aguento viver sem ele muito mais...

Levantei-me...
Contemplei o céu azul enquanto me recordava da Jun.

-Eu sei como tu te sentes...

Voltei a sentar-me ao seu lado mas agora olhava para o chão.

-Eu perdi a pessoa que eu mais amava... A Jun... A minha bride...

Cerrei os punhos... Tinha de ser forte... Não ia chorar à frente da Sarah...

Aquilo chocou-me ligeiramente, eu tive que me rir. Pus a mao á frente da boca, as
lagrimas começaram de novo a cair. Enquanto me ria.

-Parece que estamos em igualdade de circuntancias! Desculpa! Mas nao consigo
evitar de me rir!

Parei de me rir, tossi. Ele sabia o que eu sentia, mas os vampiros amam? Nunca
vi tal coisa.

-Vais ver! Vai aparecer uma nova pessoa por quem te vais apaixonar e depois despachas-me!
Eu nao me importo!

Dei-lhe uma tapinha nas costas, para lhe dar forças. Reparei nos seus punhos cerrados.
Ele estava com vontade de chora, por impulso abraçei-o. Tal como fazia ao Pô-chan.

-Nao tem mal em chorar...chorar alivia-nos a alma...e o coração. Podes chorar...

Fiquei um pouco envergonhado por ela se estar a rir de mim...
Desviei o olhar para o chão.

-Isso não é assim tão facil...

Senti os seus braços à minha volta... Fiquei sem saber o que fazer...
Abracei-a também...

-Arigatô Sarah...

Fiquei surpreendida por ele ter retribuido o braço, mas ao mesmo tempo contente.
Ele já estava a expressar melhor os seus sentimentos.

-Eu sei que nao é facil...

Fechei os olhos, pensando em varios momentos passados com o Pô-chan. O que eu
poderia dizer?...É sim dificil, esquecer a pessoa que mais amamos, aquela que dariamos
tudo para ficar com ela.

-Mas...nao faz mal tentar...

Larguei-a...
Levantei-me...

-Eu prefiro esquecer isso.. Por agora...

Esfreguei novamente os olhos... Não queria de maneira nenhuma que ela me visse chorar...
É tempo de te esquecer Jun...
Olhei para a Sarah.

-Tens fome?

Ele largou-me, vi que nao iria dizer mais nada acerca deste assunto. Levantei-me
logo a seguir a ele.

-Um...um pouco ^^''

Disse, com uma pinga a cair do meu rosto. Limpei o caminho de lagrimas e suspirei
fundo. Eu prometi que o iria esquecer, mas o Kento aviva-me as memorias...

Olhei para o café.

-Estamos mesmo ao lado de um café...

Entrei com ela lá dentro...
Nunca entrara naqueles sítios de humanos.
Olhei para a variedade de bolos que lá estavam.

-Ok... o que vais querer...?

Reparei que muitas pessoas estavam a olhar, baixei o olhar e juntei as maos.
Concentrei-me nos bolos, havia tanto por onde escolher.

-Cheesecake de morango...

Disse, num tom timido. Nao suportada ser olhada por tantas pessoas.

Olhei para o empregado.

-Dois cheesecakes de morango.

Fui com a Sarah até uma mesa.

-Estás melhor?

Sentei-me numa das mesas, pousei as maos sobre a mesa e olhei para elas. Ouvi
o Kento.

-Hai! Já passou!

Disse, nao tirando o olhar das maos. Senti os olhares das outras pessoas, murmurravam
entre si. Alguns comentarios ouviam-se...

-Uau! Ela nao deve ser de cá! É tao diferente! E as roupas dela sao lindas!

Baixei a cabeça, nao gostava muito destes comentarios. Mas iria aguenta-los.

Um outro empregado trouxe dois pratos com cheesecake.
Provei... Não era mau...
Mesmo assim era melhor dizer que era bom... Antes que ela entra-se noutro transe pós-traumático.

-É bom...

Disse com um ar pouco convicto.

-Tu não és de cá pois não?

Acordei quando o Kento me chamou, vi o parto de cheesecake á minha frente. Peguei
no garfo e espetei-o no cheesecake.

-Nao...sou de Inglaterra.

Levei um pouco do bolo á boca e saboriei! Estava divino, comi mais um pouco. Até
que tivesse de me expressar.

-Isto está divino!!

Disse com os olhos a brilhar e a face ligeiramente corada.

A Sarah fazia-me lembrar a Jun...
Ambas sorriam e ficavam chateadas logo a seguir...
Era estranho...
Ri...

-Não é nada...

Olhei para ela.

-E como é que é a Inglaterra?

-É pois! É muito bom!

Disse, com uma cara amuada. Ele perguntou-me sobre Inglaterra, acabei o cheesecake
nesse momento. Pousei o garfo.

-O que eu posso dizer de Inglaterra? É acolhedor, sinto-me em casa lá, as estações
sao lindas lá! Principalmente o Inverno e a Primavera! Neva imenso!

Senti um calafrio.

-Tu gostas de neve?

Encolhi-me...
A neve é estranha e fria...

-Eu detesto a neve....

Olhei para o prato vazio. Ele nao gosta de neve?

-Pensava que todos os...tu sabes...gostavam de neve.

Olhei pela janela, cruzei as pernas.

-És estranho...

Acabei de comer o cheesecake.

-Nem todos gostamos... Mas se fossemos todos iguais seria uma seca não achas?

Levantei-me e espreguicei-me...

-Vamos dar uma volta!