Jardins

-... E por fim estes são os jardins, onde costumamos fazer passeios ao ar livre.

Depois, parei. Olhei para ele.

-Por acaso, ainda não sei o teu nome, mestre... O meu é Nakajima Mizuki... Prazer em conhecê-lo ^^

Eu ia demorar um bocado a habituar-me aos "cantos da casa". A escola em termos de tamanho não se comparava à minha casa mas mesmo assim ainda era grande.
Ainda nem nos tínhamos apresentado.

-Ahh... Watashi wa Sumioshi Yuuki... Muito prazer...

Disse ajoelhando-me e beijando a sua mão.
Levantei-me e olhei em volta. O jardim era um local magnifico...

Corei.

-Yu...Yuuki é um nome bonito...

Disse, elogiando-o. Afinal, o meu pensamento de antes estava errado. Yuuki não era um mestre tão exigente... Ele é um mestre elegante e carinhoso. Meus olhos ficaram trêmulos. Eu estava mais uma vez encantada com a bondade e elegância dele. Fechei os olhos por momentos e voltei a abrí-los.

-Anno... Vamos voltar para o quarto... O-Ou queres dar mais uma volta pelo colégio?

Cheguei ao jardim e sentei-me num canto qualquer, encostado a uma arvore. Abri
o bloco e peguei no lapis, começando a desenhar o que vi á minha frente.

Tomava cada traço com algo especial, e desenhava-o com o coração. Sorri, nada
me fazia mais feliz do que desenhar, era algo que me completava. Acabei de terminar
uma das flores, olhei para o desenho e pousei o lapis, estalei os dedos.

-Nem é assim tão mau, estar na escola...

Disse, pegando de novo no lapis e retomando a desenhar.

Ir para o quarto estava bem... eu nem sabia se hoje haviam aulas... Eu também não gostava muito de estar muito tempo sentado no mesmo sitio a ouvir uma única pessoa chata.
Olhei para ela.

-Podemos ir para o quarto se quiseres^^

Abanei a cabeça afirmamente e sorri.

-Hai!! Então vamos ^^

Após correr meia escola encontrei finalmente o mestre. Corri até ele... Uns metros antes de o alcançar parei e recompus-me.
Andei, o mais elegantemente que consegui.
Ele estava a desenhar ou a escrever... Não consegui-a perceber.
Parei atrás dele.

-Anno... Precisa de alguma coisa...?

-Não...

Disse, parando de desenhar, o meu sorriso fechou-se e baixei a cabeça. Suspirei,
retomei o desenho. Acabando de desenhar uma rosa, olhei para ela e depois para
a que estava na minha frente.

-Uhm, ainda não está perfeito...

Disse, pondo o lapis na orelha e bufando. Levantei a cabeça olhando para o céu.

Estiquei os braços... Deitei-lhe a lingua de fora sem que ele visse. Afastei-me um pouco ficando a vê-lo. Até que não era nada feio... Tinha um charme estranho... Acabei por corar sem me dar conta.
Abanei a cabeça.

-Megumi baka!

Disse olhando para o chão.

Faltava alguma coisa naquele cenário magnifico. Ponderei sobre o assunto, olhei
para a Megumi.

-Megumi-san...senta-te ali perto daquela arvore e sorri...

Disse, pegando novamente no lápis e olhando para sitio onde queria que ela se
sentasse. Acho que ela seria o elemento perfeito para completar a paisagem.

-O-ne-gai...

Afinal ele estava a desenhar... Fui até à árvore que ele tinha indicado e sentei-me à frente dela. Sorri o melhor que consegui.

-Está bem assim?

Olhei para ela e depois para o desenho. Levantei o polegar.

-Okay!

Disse, concentrando-me de novo e retomando o desenho. Respirei fundo e de vez
em quando olhava para ela, para não me esquecer de nenhum pormenor. O que
era mais dificil era desenhar o seu rosto na perfeição.

-Taku, rosto perfeito demais...

Disse, coçando a cabeça.

Chegamos ao jardim, começamos a andar, olhava para os lados, observando cada
flor e cada planta.

-Aqui é onde estão os jardins do colegio! Muitos dos mestres vem para aqui relaxar
com as suas maids, que os servem, muitas vezes tomam aqui o pequeno-almoço e
o lanche...

Parei, perto da sombra de uma arvore. Olhei para Ryuu-sama e sorri.

-Terminamos a nossa visita, mestre! Deseja algo?

Cheguei aos jardins...
Olhei em volta, começei a andar sem rumo. Apreçiava todo o tipo de flores, mas uma flor que ele gostava muito eram os lirios.
Depois, reparou mais além um grupo de orquideas. Eram as flores preferidas da Kurin...

Dirigi-me até elas. Acariciei-as um pouco, por um momento acho que até sorri mas não tenho a certeza...
Minutos depois, sentei-me num banco que ali estava. E permaneci ali...

Cheguei por fim aos jardins, percorri-os elegantemente. Até chegar a um local com
um banco. Esta atrás dele, ele sentado nele. Aproximei-me sem fazer barulho. Posicionei-me
ao seu lado, em pé.

-Não o irei incomodar a não ser que me peça algo...

Ouvi alguem falando, a voz era-me familiar, virei um pouco a cabeça de lado e vi
que era a minha maid. Ouvi o seu comentário, suspirei mais uma vez e balançei a cabeça para os lados.
Olhei para ela com o sobrolho franzido.

- Afinal estás aqui para quê?! Para tentar ser uma boa esposa.. ou uma boa criada?!?

Disse. Minha voz soou um pouco mais grossa do que o habitual. Isso porque naquele
momento estava mesmo chateado, aquele comentário deixou-me mesmo com os nervos á flor da pele.
Tirei meu olhar dela e levantei-me.

- Eu só quero uma pessoa com quem possa falar... Não uma pessoa que passe o tempo todo andando atrás de mim á espera que lhe peça algo!

Disse, segundos depois fechei meus olhos na tentativa de me acalmar.
Nesse momento virei-me para a direcção oposta de onde ela estava e começei a andar pelo jardim sem rumo.

Antes que conseguisse responder ele já caminhava. Cerrei os punhos, eu não queria
responder aquela pergunta. Não queria mesmo...

-Acalma-te Usagi...

Fechei os olhos e de novo aquelas palavras malditas começaram a ecoar na minha
cabeça. Aninhei-me no chão, com as mãos sobre os ouvidos, ouvi-a de novo os gritos
dos meus pais. Comecei a ter vontade de chorar, mas fiz força para isso não acontecer.

-Sou tua esposa ou criada? Vê se me tratas com diginidade!
-Cala-te! És uma mulher inutil que não serve para nada! És mais criada do que minha
mulher!

Contive a vontade de gritar, mas algo abafado saiu da minha boca. Abri os olhos,
sentia o corpo a tremer. Devagar tirei as mãos dos ouvidos e endireitei-me, passei
as maos pelos os olhos. Esfregando-os, depois bati com as mãos na cara e respirei
fundo. Mas continuava a tremer, fechei os olhos, não pensei em mais nada e parti
na direcção dele. Comecei a correr até o alcançar. Parei em frente a si, baixei a
cabeça.

-Porque uma esposa sempre irá virar criada da pessoa com quem casar...é por isso
que estou aqui...

Pus uma mão á beira do nariz e respirei fundo novamente. Contendo a vontade de
chorar e repelindo aquelas memorias.

Ouvi ela falando algo, parei a meio e abri um olho. Vi que ela estava mesmo á minha frente.
Memorizei sua resposta. Nesse instante senti vontade de gritar.
Lançei-lhe uma expressão assuatdora.

- Isso não depende de ti, mas sim da pessoa com quem vais casar!

Disse, a olhando sério.
Todas as respostas que ela dizia pareciam mesmo a Kurin a falar.

- Se a pessoa com quem casares te amar verdadeiramente, NUNCA iras virar criada dela!

Levantei a cabeça olhando para ele, o meu olhar tronou-se sério. Os meus olhos
lacrimejavam. Olhei-o nos olhos, por alguns segundos.

-E como saberei que ele me ama verdadeiramente? Não há nada que possa dizer-me
a resposta...

Semicerrei os olhos e cerrei os punhos e os maxilares. Lembrava-me dos meus pais
quando eu era criança, amavam-se e sempre se davam bem. Mas quando fiz 14 anos
ele passaram a odiar-se.

-Os sentimentos mudam...

Vi que algo a fazia sofrer, ela estava quase chorando.

OH SHIT!!!

Pensei, não era essa minha intenção.
Ouvi sua resposta. Aproximei-me dela, pus minhas mãos sobre seus ombros. A olhei nos olhos, com uma expressão séria mas amigável.

- Se voçê amar essa pessoa verdadeiramente, os sentimentos dela nunca irão mudar...

Olhei para ele, senti uma vontade enorme de chorar. As suas palavras eram doces
demais.

-Wa-Watashi...

Tarde demais, as lagrimas começaram a cair. E as memorias a voltarem, pus as maos
na cara. Eu não podia deixar a tristeza tomar conta de mim, começei a limpar as
lagrimas salgadas. Olhei para ele de relance.

-Gomen né, goshujin-sama, uma boa maid nunca deveria de chorar em frente ao seu
mestre...

Baixei a cabeça desiludido, acabei por a fazer chorar afinal de tudo.
Levantei a cabeça e a olhei nos olhos.

- Gomen... Não te queria fazer chorar, mas o que eu disse é verdade...

Disse, num tom mais calmo do que antes.
Se perguntava o porquê dela falar daquela forma. Não se conteve...

- Desculpa se estiver a ser intrometido mas...
Porque falas dessa forma?

Passei as mãos pelos os olhos novamente, limpando os olhos. Olhei para ele seriamente.

-Os meus pais...assim que fiz 10 anos começaram a tratarem-se mal e a discutir a
toda a hora...piorou apartir dai, até que quando fiz 14 anos o meu pai saiu de casa
e começou a pagar os meus estudos e coisas que necessitava...

Respirei fundo e tossi, a minha voz estava esquisita.

-Ele desligou-se da minha mãe por completo...á 3 anos atrás...

Não sabia o que lhe havia de dizer, por mais estranho que pareça
eu estava feliz por ter uma maid quer também teve um passado horrível.
Sem saber o que fazer, dei-lhe um abraço. Achei que fosse a melhor maneira
ela se sentir melhor.

Enquanto a abraça-va fui movendo as mãos, na tentativa de a acalmar.
Susurra coisas doces ao seu ouvido.