Quarto nº 4 - Kurosawa Akira

Entrei no quarto que tinha meu nome escrito no cimo da porta. Olhei em volta, o quarto era grande, tinha uma enorme cama e uma pequena mesa no meio.
Aproximei-me de um dos sofas mais proximos, sentei-me no braço, pus o cotovelo nas costas do sofa para me apoiar.
Esperei pela Usagi...

Cheguei com as malas e pousei-as num canto. Fechei a porta com cuidado e olhei para
ele. Eu não gostava muito dele assim á primeira vista.

-Quer que desfaça as suas malas, goshujin-sama(mestre)?!

Disse, olhando para ele de frente e tendo as maos juntas sobre as pernas.

Olhei para ela.
Baixei um pouco meu olhar.

- Sim, podes fazer isso.

Saí de onde estava e sentei-me num pequeno sofá que tinha ao lado uma janela. Olhei lá para fora, fitando o céu azul. Pensava na Kurin, sua expressão mudou de séria para triste.

Vi-o a sentar-se no sofá perto da janela e a contemplar o céu azul. Suspirei e peguei
numa das malas, começando a desface-la. Começei a arrumar as coisas no armario
embutido. Até chegar...

Roupa interior...@///@

Começei a arruma-la numa gaveta. Em algum tempo terminei de arrumar as duas malas.
Passei a mão na testa e depois bati as maos como que sacudindo-as.

-Acabei goshujin-sama, deseja mais alguma coisa...?

Ele, como sempre, estava desligado do mundo.
Mas voltou á realidade assim que ouviu a voz de Usagi. Voltou seu olhar para ela.

- N-Não. Por enquanto não...

Voltou a olhar para o céu azul.

Olhei novamente para ele, parecia fora deste mundo. Preocupado com ele, abri a boca
para dizer algo, mas seria rude da minha parte. Respirei fundo e deixei-me estar onde
estava.

Em pé, com as maos juntas sobre as pernas. Esperando uma ordem ou pedido seu,
á pouco tempo que o conheço e parece-me que ele sofre. Pressionei os labios, tentei
conter a minha vontade imensa de falar.

Acabei por tossir duas vezes, por ter prendido a respiração.

Olhei de soslaio para ela. Parecia que queria dizer algo, suspirei.
Voltei meu olhar novamente para ela.

- Se queres dizer alguma, diz..!

Disse, franzi um pouco o sobrolho.

Olhei para ele, impressionada. Mas depois a minha expressão tronou-se num sorriso
amigavel. Respirei fundo.

-Em que pensa, goshujin-sama? Parece sofrer...

Disse, fechando os olhos por momentos e baixando a minha cabeça. Levei um mao
ao peito. Iria ficar zangado?

Corei discretamente, nem sei porque o fiz. Cerrei meu punho esquerdo e dei uma forte pancada contra a parede. Olhei para ela, fitei-a de+urante momentos depois suspirei para me acalmar.

- Penso... No meu passado...

Minha expressão foi ficando mais triste, mas como não queria mostrar isso portanto baixei ligeiramente a minha cabeça.

Assustei-me quando ele bateu com o punho na parede. Encolhi-me um pouco e fechei
os olhos. Ele parecia zangado, olhei para ele com um pouco de medo.

-Gomen né...por ter perguntado!

Disse, fazendo uma vénia. Fechei novamente os olhos, eu estava a entristecer o meu
mestre. Endireitei-me e olhei para ele, mas depois baixei o olhar.

-Existe algo que possa fazer? Para que não sofra tanto?

Olhei para ela, estava mesmo preocupada.

- Só se souberes como acordar uma pessoa em coma...

Disse, passando uma mão pelo meu cabelo.
De repente minha mão começou a doer um pouco. Era a mão com que tinha batido contra a parede. Abanei-a um pouco, mas continuava a doer.

Olhei para ele, como acordar alguem que está em coma? Meditei um pouco sobre o
assunto. Pus um dedo sobre os meus labios, como acordar uma pessoa que está em
coma?

Começei a remoer aquilo, até que o meu pensamente "explodiu". Baixei a cabeça
desiludida. Eu não o sabia, levantei ligeiramente a cabeça e vi que ele abanava a mao
que batera na parede. Devia estar a doer-lhe...

-Vou buscar um pouco de gelo....

Disse, saindo do quarto.

Nem tive tempo para responder, pois mal Usagi tinha falado saiu logo do quarto.
Suspirei, passando a outra mão pelo cabelo, tirando uma mecha da frente da cara. De repente,
começei a sentir calor. Despi o meu casaco, mas ainda tinha calor então despi também minha camisa, ficando então em tronco nu.

Sentei-me á beira da cama, esperando por ela.

Abri a porta do quarto, com uma mão. Na outra segurava uma bandeja com uma bolsa
de gelo e alguns cremes. Entrei e fechei a porta, assim que levantei a cabeça, deparei-me
com ele em tronco nu.

o///o Mas que raios?!? Que lhe deu?!

Encaminhei-me na sua direcção, pousei a bandeja sobre a cama e peguei na bolsa de
gelo. Aproximei-me dele e agarrei na sua mão. Ajoelhei-me no chão para não tapar a
sua vista. Pus a bolsa de gelo sobre a sua mão, enquanto a minha pousava debaixo
da sua. Respirei fundo, o meu rosto devia de estar corado.

-Esperemos que não fique inchada...

Olhava para o que ela fazia, meio sério. Reparei que estava corada, ri para dentro.
Soltei um pequeno "Arigato".
Só depois reparei que estava em tronco nu, isto não são maneiras de se estar. Mas com a preguiça, não foi capaz de mover nem um musculo.

Olhei novamente para ela.

- Pode parecer rude da minha parte mas...

Olhei para o chão e depois para ela.

- Porque decidiste ser maid?

Olhei para ele e retirei a bolsa de cima da sua mão e depois voltei a coloca-la. Baixei
a cabeça e suspirei.

-Ao contrario de muitas raparigas da minha idade, que pensam em farra e diversão,
eu desejo aprender a ser uma boa esposa...e também porque esta é uma forma de...

Calei-me e fechei os olhos, mas ele teria de saber. Afinal ele é o meu mestre.

-Controlar o meu problema de dupla personalidade...

Fitei-a por alguns momentos, sem mudar a minha expressão.
Pensava na sua resposta...

Ela é exactamente como a Kurin queria ser...

Baixou um pouco a cabeça, e voltou a levantá-la segundos depois, olhando para ela e depois para a minha mão. Suspirei.

- Acho que já está melhor...

Levantei-me e vesti a camisa, pendurando o casaco num bengaleiro que ali estava.
Virei-me e dirigi-me para a porta.

- Vou dar uma volta, vem se quiseres...

Parei a meio do 'caminho', virei um pouco a cabeça de lado olhando na direcção de Usagi.

- Espero que consigas resolver esse problema...

Sem esperar resposta, continuei caminho.

Ele saiu sem ao menos esperar por mim. Mas disse que esperava que eu resolve-se o
meu problema. Levantei-me, pondo a bolsa de gelo sobre a bandeja e peguei nela.
Sai do quarto indo na direcção oposta dele, mas pelo o caminho encontrei algumas
senpais.

-Olhem quem é ela? Se não é a menina da dupla personalidade...!

Suspirei ao ouvir aquele comentario. Continuei o meu caminho para o refeitorio e parei
pela enfermaria para ir levar os cremes.

-Agora falta encontra-lo...

Disse, tomando o meu caminho em direcção a alguns sitios para o encontrar.

Entrei no meu quarto. Atirei com a camisa para o sofá mais proximo, e tirei as calças e os boxers.
De seguida vesti outros boxers e outras calças,, fiquei á mesma em tronco nu.
Deitei-me no sofá e fiquei olhando para o tecto.

Começava a ficar entediado, e tirei o Ipod da mesinha que ali estava.
Começei a ouvir musica, e fechei os olhos.

Ela virá de certeza...

A superior abriu a porta e empurrou-me lá para dentro. Pos-se ao meu lado, juntei
as maos e fechei os olhos, baixando a cabeça.

-Por favor Akira-sama, não perca a sua Maid...

Ela fechou a porta atrás de si. Nem me deu tempo para falar, olhei em frente, virei-me
e viu no sofá deitado em tronco nu. Respirei fundo.

-Akira-sama...aqui estou...

Disse, inclinando para a frente.

Ouvi alguém falando, tirei os phones dos ouvidos e abri os olhos.
Vi a superior e ao lado dela Usagi. Assim que a superior saiu, ouvi o que Usagi disse.
Pousei o Ipod na mesinha, levantei-me e aproximei-me dela.

- Não precisas de ter medo...

Disse, e pus as mãos no seu rosto, a obrigando olhar-me nos olhos.

Olhei para ele, nos seus olhos, observando a sua cor profunda. Fechei os olhos por
momentos, depois abri-os, respirei fundo.

-Hai...

Disse, calmamente. Continuei a observal-lo, esperando que ele fizesse algo.

-Afinal sou sua maid, deve atender a todos os seus desejos...

Ouvi o que ela disse, ri-me por alguns segundos.
Larguei-a e afastei-me um pouco.

- Vais-me dizer que só ias fazer isso, porque és minha maid...!

Disse, num tom de gozo.
De seguida deitei-me no sofá de barriga para cima. Fechei os olhos, fingindo estar a dormir.

Olhei para ele, estava a irritar-me um pouco. Sorri sacrásticamente, baixei a cabeça.
Pus uma mão sobre a cara, comecei a rir-me.

-Todos iguais...é só o que tenho a dizer.

O meu riso foi-se tornando mais alto, até ficar num riso sádico e macabro. Encostei-me
á parede e levantei a cabeça olhando para o tecto. Deixei de rir, a minha outra personalidade
tinha acordado.