Jardim

Cerrei os punhos.
Engoli em seco.

-Penso que não te vou voltar a ver...

Encarei-a olhando-a nos olhos.

-Ah uma coisa... Que eu já te disse mas que eu quero que nunca esqueças...

Engoli de novo em seco.

-Ashiteru Sarah-chan...

Baixei a cabeça e olhei para o jardim.

-E se fores mesmo embora nunca mais arranjo uma bride... Porque tu és a minha bride... Sarah-chan...

Fiquei sem palavras, pus as maos á frente da boca. Fechei os olhos
e baixei a cabeça, abanei.

Vais ver-me...

Estava na esperança que ele me le-se os pensamentos, eu nao conseguia
falar. Respirei fundo, tentei controlar.

-Daisuki Kento-san...

Baixei o olhar, juntei os joelhos e pus as maos sobre eles, fechei os olhos.
Abanei a cabeça mais uma vez.

-Daisuki, daisuki, daisuki Kento-san! Vou dizer as vezes que forem necessarias
para que elas fiquem na memoria do Kento!

As lagrimas começaram a cair, pus as maos na cara limpando-as. Mas continuei
a dizer entre soluços.

-Daisuki, daisuki (soluço) Daisuki...

Abracei-a.

-Eu nunca te irei esquecer Sarah.

Senti uma forte presença por perto.
Baixei a cabeça.
Limpei as suas lágrimas.

-O teu irmão chegou... Não deve demorar a chegar aqui... Não chores...

Baixei a cabeça e peguei no desenho.

-Fica com isto... A verdade é que sem bride não vou sobreviver durante muito tempo.

Ri-me.

-Toma bem conta de ti.

Ergui a cabeça e agarrei a sua.
Beijei-a.

-Nunca me esqueças por favor...

Vi aquela cena, encostei-me á arvore onde me escondia, cruzei os braços e fechei
os olhos. Ela gostava de outra pessoa...

-Sarah...

Deixei-me ficar onde estava, o vampiro ia dar conta de mim nao tardava. Vou deixa-la
um pouco mais com ele.




Agarrei no desenho, as lagrimas nao paravam de cair. O Kento sem mim irá morrer,
o que eu faço? O que eu faço? Larguei o desenho e pus as maos na cabeça.

-Nao quero! Nao quero!

Fechei os olhos e abanei a cabeça em sinal de negação, abri os olhos, mas voltei
a fecha-los.

-Se o Kento-san morrer, eu tambem vou por fim á minha vida!

Senti o Shoji.
Limpei as lágrimas da Sarah.

-Não digas isso...

Apontei para a árvore.

-O teu irmão está ali... Tens de ir agora...

Respirei fundo.
Os meus pais saíram... O meu pai tinha pressentido o sangue puro.
A minha mãe correu para a Sarah e abraçou-a.

-Tenho mesmo muita pena de me ter de despedir de ti...

Ela começou a chorar.

-Mãe...

Ela limpou as lágrimas e voltou para o lado do meu pai.

-Sayonara Sarah-chan...

Olhei para todos, curvei-me. Fechei os olhos, depois voltei a abri-los e endireitei-me.

-Arigatou, gostei imenso de conhece-los a todos!

Abraçei o Kento, com força. Prolonguei o abraço, pus a mao no meu bolso e pus um
papel no seu bolso.

-Eu vou entrar para essa academia, sempre que precisares de sangue veem ter comigo.
Nao importa...eu quero que o Kento-san sobreviva...

Depois afastei-me e pus um dedo á frente da boca e pisquei o olho.

Este é o nosso segredo!

Depois dei meia volta e fui em direcção á arvore para onde o Kento tinha apontado. Dois
braços vieram na minha direcção e apertaram-me.

-Pô-chan...apertado...



Deixei de a abraçar, pus a minhas maos sobre os seus ombros. Sarah
tronou-se bonita e elegante tal como eu pensara.

-Sarah está bonita...tal como eu imaginava!

Ela sorriu, estava na hora de irmos embora. Peguei nela ao colo, esta
assustou-se.

-Gomen...^^'

Ela disse um "nao faz mal", acenei com a cabeça. Encaminhei-me para o
murro que rodeava a mansão e saltei-o. Sarah é a minha bride apartir
de agora.

Li os seus pensamentos...
Eles saíram da mansão.
Fui até aos meus pais.
Tirei o papel no bolso.

-Achas que vá?
-Não sei...
-Vais desafiar um sangue puro...
-Mas eu já perdi a Jun... Não vou perder a Sarah também...

Os olhos da minha mãe brilharam.

-É assim que se fala!

Voltei a guardar o papel no bolso.

-Já não estamos aqui a fazer nada.
-Têm razão...
-Bem... Juizo!

Eu ri.

-Ok...
-Sayonara Filho!

Eles saíram de casa.
Voltei para dentro.

Cheguei ao jardim. Pus maos á obra, fui até ao pequeno armazem e peguei num
cinto e pus lá algumas ferramentas. Depois amarrei um lenço no cabelo para que ele
não me incomodasse e depois calçei umas luvas. Fazia alguns dias que não tratava dele.

-It's time to work!

Começei por uns canteiros mais pequenos para tirar as ervas daninhas, sabia mesmo
bem tratar deste jardim. Passei a mao pela testa sujando-a com terra, ri-me.

Passado alguem tempo, acabei de tirar as ervas daninhas. Reguei o jardim e decalçei as
luvas, guardei as ferramentas e fui para casa, indo tomar um banho. Já estava mais alegre.
Só espero que essa felicidade não seja estragada.

Cheguei ao jardim e peguei na fotografia que o Kento me tinha dado. Comecei a procurar o local onde ela tinha sido tirada.
Era num canto onde haviam imensos girassois mas o jardim estava totalmente diferente da fotografia.
Apenas queria imaginar a minha irmã nele...

-Foi ela que cuidou disto...

Cheguei ao jardim e sentei-me na relva. Espalhei as pautas ás minha frente, peguei
num lapís e numa pauta que estava incompleta.

-Só me falta esta...e termino a musica...

Disse, engolindo em seco. Deitei-me para trás com a pauta sobre a minha barriga,
fechei os olhos e começei a trautear as notas. Levantei-me e peguei no lapis, anotei
mais umas quantas notas. Depois bocejei, esfreguei um olho.

-Acho que vou para dentro...

Disse, agarrando nas pautas e indo para dentro de casa.